2020: contar a realidade em dados que fazem pensar

O ano de 2020 foi um ano marcado por adiamentos ou por suspensões. Em todo o mundo se ficou com a sensação de que a vida ficou algo hipotecada e se adiou viver.

Apesar de não ser possível suspender a fé, porque ela se tem tornado ainda mais urgente, também se suspenderam grande parte das celebrações litúrgicas, festas religiosas e muitas acções pastorais, formativas ou eventos, como foi, para nós, o aniversário dos 250 anos da diocese de Pinhel.

A maioria dos sacramentos do baptismo foram adiados. No caso concreto das comunidades cristãs da unidade pastoral de Pinhel, foram adiados mais de vinte baptizados e uma dezena de matrimónios. Ainda foi possível realizar 4 baptizados, 2 deles com idade de uso da razão, mas não foi possível realizar nenhum casamento. Ainda se conseguiu realizar a Primeira Comunhão de 27 crianças, mas outras festas habituais da catequese, incluindo o sacramento do Crisma, não foi possível concretizar no ano passado. E apesar de entrarmos em 2021 com muitos destes sacramentos agendados, ainda não sabemos o que o futuro nos reserva.

Em sentido contrário, o que não se pôde adiar foram os funerais, num total de 57 realizados ao longo do ano na unidade pastoral de Pinhel, dos quais 31 foram na cidade de Pinhel.

gráfico com número de óbitos

Comparativamente com outros anos, a verdade é que não andou muito acima da média, mesmo tendo em conta os 36 óbitos apurados desde o início da pandemia, isto é, desde Março, 19 dos quais em Pinhel. E se parece que a média não dista da média de outros anos, o mesmo não se garante que venha a ocorrer este ano de 2021, pois só este mês de janeiro, ao momento desta publicação, já foram a sepultar 16 pessoas, na sua maioria, com Covid-19. E no que se refere ao concelho, já foram a sepultar mais de três dezenas de pessoas.

Os números no concelho de Pinhel também são sintomáticos, pois em 2020 foram a sepultar mais 40 pessoas que no ano de 2019. A média dos últimos anos, com excepção do ano de 2016, ano em que só no mês de Fevereiro haviam morrido mais de 30 pessoas no concelho, dá para perceber o aumento efectivo ocorrido em 2020.

E a avaliar pelos mais de 30 que já foram a sepultar neste início do ano de 2021, as previsões apontam para um aumento progressivo por causa da pandemia pelo novo coronavírus, seja directa ou indirectamente. É de assinalar que, por exemplo, no distrito da Guarda, dados até 27 de janeiro, demonstravam que de 1 a 27 de janeiro de 2021 tinham havido 376 óbitos, mais 156 que no mesmo período de 2020, pois tinham sido 220.

O número de mortes em Portugal durante 2020 foi 10,6 % maior em relação à média dos anteriores cinco anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, que registou 123.409 óbitos, mais 12.220 do que entre 2015 e 2019.

Em 31 de dezembro registavam-se 6.906 mortes atribuídas à covid-19, ou seja, 56% do excesso de mortalidade de 2020 em relação à média 2015-2019. Mas o início deste ano tem vindo a aumentar progressivamente o número de mortos em todo o país, contabilizando-se, ao momento, um total de 11.886 óbitos por covid-19, ou seja, em quatro semanas houve mais 4.980 mortes causadas pelo novo coronavirus.

No que se refere ao clero, e segundo noticiou a agência católica portuguesa, a Agência Ecclesia, faleceram 86 sacerdotes e 2 bispos em Portugal em 2020. Destes, 8 sacerdotes eram da Diocese da Guarda.